Era só colocar a cabeça no travesseiro que lágrimas escorriam pelo canto de meus olhos, meu peito doía, eu fechava meus olhos para não lembrar do fim, mas não adiantava parecia que eu voltava no tempo, e via você indo embora. Não aguentava mais, chorar, e sentir aquela dor.
A minha rotina era a mesma, não tinha surpresa, e sem surpresa não tinha alegria e nem tristeza, não tinha esperança e muito menos ilusão então não sofria, eu era fria, e não tinha vergonha disso, mas no fundo eu ainda estava machucada, queria gritar de dor, e nas noites eu chorava quieta no meu canto, para ninguém perceber.
Um dia andando na rua, olhei para o céu, algo que não era mais comum, vi as nuvens formarem imagens, um dia ensolarado, alegre, ainda olhando para o céu, trombei e só ouvi papeis caindo, olhei assustada, ajudei pegar os papeis do chão, pedi desculpas, até então não tinha visto a pessoa, quando fui entregar, olhei para aqueles olhos que penetrou, demorei para acordar, entreguei os papeis e continuei olhando ele, algo no olhar dele me fez me sentir tão bem...
Estendi minha mão e me apresentei, quando ele tocou em minha mão senti meu coração mais leve, sorri, ele olhou em meus olhos e disse “Bruno Pasquoto”, viajei só de ouvir a voz dele, era como se ele tivesse me hipnotizado, convidei ele para conversar, e fomos andando, e no meu rosto o sorriso permanecia, o que era estranho, me sentia leve com ele, me sentia feliz com ele.
Sentamos um de frente com o outro, seu cabelo, seus olhos, tudo perfeito, e seu sorriso então, ah seu sorriso, fazia meu coração acelerar, toda vez que ele dava risada eu corava, todos os meus problemas eram apagados graças aquele sorriso, aquela voz, graças a ele.
A noite já havia chegado e ambos não haviam notado, a conversa parecia nunca ter fim, e era isso que eu queria ficar ao lado dele sem limite de tempo, mas o lugar onde estávamos estava fechando, saímos, achei que ali era a nossa hora de se despedir e nunca mais nos ver, mas aquele olhar dizia outra coisa, ele começou a andar e eu o acompanhei, fomos para uma praça que dava pra ver a lua cheia de perto, ela iluminava a praça, tinha alguns casais de jovens sentados, ele me levou até um banco, tirou das costas o violão, me olhou, eu sorri e senti meu rosto ficar vermelho, ele pegou o violão e começou a tocar, eu não acreditava no que via, minha visão se focou nele, não existia mais nada, só ele, as estrelas e a música, atras dele a lua, não ligava se os outros estavam vendo ou ouvindo, aquele era o meu momento.
Meu coração batia mais rápido, minhas mãos suavam, meu rosto queimava, sensações que depois de um trágico acontecimento não sentia mais, eu sorria, mas a vontade era de abraça-lo e nunca mais solta-lo, pois ele era o que eu havia pedido a Deus em minhas orações, ele terminou de tocar, sorriu, sorri de volta, eu não tinha palavras, se eu falasse eu iria falar “ Me apaixonei, você é o que eu sempre sonhei!”
Ficamos um tempo em silêncio olhando as estrelas, mas já era tarde, o frio fez todos irem para suas casas, olhei para o relógio e me levantei, dei um suspiro e olhei para ele, ele se levantou e foi comigo até a minha casa, quando fui me despedir, abracei e sussurrei eu seu ouvido “ Você só pode ser um sonho ! Um sonho que eu sempre quis !”, virei com lágrimas nos olhos sabendo que nunca mais iria vê-lo, e sabia que não teria chance para ser feliz ao lado dele.
A partir daquele dia me senti mais feliz, mas um vazio no meu peito ainda estava, mas esse vazio era ele, era a falta que ele me faz, sonho com ele todas as noites e peço a Deus para que os sonhos um dia se realizem.
