sexta-feira, 19 de julho de 2013

Cartas do Vovô

   São Paulo em 18-12-58

   Saudações a minha querida santinha.
   Escrevo esta com o coração apertado por não poder falar com você pessoalmente, juntinho de você, sentindo a sua presença, mas espero que ao ler esta, toda borra cartinha, você esteja com perfeita saúde, felicidade, bem como todos de sua casa, principalmente sua mãe que são meus maiores desejos enquanto que eu por aqui estou mais ou menos, graças à Deus, só que com uma saudade tremenda de você, e estou muito nervoso também por não puder ir até ai 5ª feira, pois não estou em condições de viajar por causa daquela respiração forçada, dor de cabeça e de estômago que eu reclamava aí, e agora estou com tosse e dor na garganta também.
   Mas já estou me tratando e talvez vá no médico 6ª feira.
   Se estiver melhor Domingo, e não houver escala talvez apareça por aí, senão estiver chovendo por aqui, caso contrário espero ficar bom até o começo da semana e se Deus quiser 2ª ou 3ª estarei por ai. Vá na missa, reze por mim, mas não fique muito no meio do povo, não se molhe e não ande muito. 
   Querida, se não aparecer por ai até 3ª feira, desejo-lhe um feliz Natal cheio de alegrias e só me espere pelo fim de semana, não esqueça de mim pelo amor de Deus, porque você é a dona da minha vida, o meu coração te pertence, procure distrair-se, mas não esqueça que sem seu amor eu não existo.
   Querida santinha, lembre-se se eu estiver trabalhando ou descansando para melhorar, domingo, pode ficar certa que não a esquecerei um só momento. Se não trabalhar no domingo dia 28, se Deus quiser passearemos juntos. Reze para que de certo.
   Querida, não pense bobagens, não fique nervosa, porque afinal isto que me ataco* passa logo e só não vou por aí porque a viagem me dá muita fadiga e eu acabo chegando doente aí. Então por isso vou me tratar um pouco e por esses dias já poderei ir ai sem medo de piorar a situação. Se puder telefonar algum dia, será um grande remédio para mim, ouvir sua voz tão linda que para mim parece música suave numa hora de alegria em que parece que tudo que resta no mundo não nos interessa absolutamente, a não ser a essa criatura que estamos vendo ou ouvindo e essa criatura para mim, é VOCÊ, Dirce R. Camargo.
   Lembranças a quem perguntar, saúde e felicidade a seus pais, um abraço no ditinho. Aceite um forte abraço e um beijo caloroso de paixão e amor do seu Brazilio A. da Rocha a quem tu deste nova vida e roubo-lhe o coração para faze-lo feliz, o qual lhe promete, felicidade eternamente.
      Querida, Salve Maria. 




* Meu vô estava se tratando da tuberculose, o que graças a Deus ficou só no passado. 

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